Alguns trechos significativos, que demonstram o teor da obra, com declarações do autor (sem meias palavras) :
Manifesto Antibibliofílico
“A mim, quando perguntam o que sou, profissionalmente, respondo sempre: sou bibliotecário, mas, por favor, não me venham com frases bilbliofílicas [...] A bibliofilia é um sentimento nobre. Mas, como dizia André Gide, é com os bons sentimentos que se faz a má literatura. E a literatura bibliofílica é, positivamente detestável.”Projeto de construção de Brasília p.25
“Vai ser um “show” de Biblioteca Nacional. Tudo vai bem. Mas, como boa repartição pública, ficará ela fechada a partir de 8 horas da noite e aos sábados, domingos, feriados, e dias de “ponto facultativo”. De modo que a população de Brasília, não tendo para onde ir, nessas ocasiões, continuará enchendo os bares, as boates, os bilhares e os “inferninhos” onde já não faltam os fumadores de maconha e aspiradores de cocaína.”Discurso de paraninfo, 1963 p.24
“Telefonei para a biblioteca do D.A.S.P., em Brasília, e perguntei se havia alguma edição da Política de Aristóteles. “Só o senhor dizendo o sobrenome do autor”, respondeu a bibliotecária, “porque no nosso catálogo os autores aparecem pelos sobrenomes”. Creio que basta. Os bovaristas, os ufanistas e os românticos continuam a dizer que tudo vai bem. Mas não é tanto assim, como acabamos de ver”.E a surpreendente paródia do manifesto poético de Manuel Bandeira P.32-34
“Quisera eu que o meu manifesto produzisse, pelo impacto, se não uma renovação da biblioteconomia brasileira – pois para tanto me altam o engenho e a arte de que falava o poeta – pelo menos um exame de consciência e um propósito no sentido dessa desejável e necessária renovação. [...]
Estamos fartos da biblioteca-repartição pública, “com livro de ponto, expediente, protocolo e manifestações de apreço ao senhor diretor”.
Estamos fartos da catalogação pára e vai averiguar no código da Biblioteca Vaticana se deve usar colchetes ou parênteses. [...]
Estamos fartos das mocinhas – de que fala Rubens Borba de Moraes em O problema das bibliotecas brasileiras – que querem ser bibliotecárias enquanto não casam e das pessoas que vão trabalhar em bibliotecas porque gostam de ler e querem à força viver no meio de livros. [...]
Os bibliotecários que se levantem! As mocinhas que vão esperar pelo casamento em
outros lugares! Limpem e iluminem as estantes. Soltem gatos para que todos os
ratos de biblioteca sejam devorados..."
Um comentário:
Navegando pela net eis que me deparo para minha alegria com seu blog. Sou sua fã e admiradora. Que bom tê-lo aqui.
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